SINOPSE:
Uma jovem da Terra é sequestrada por seres provenientes de Yargo, planeta avançadíssimo, pertencente a outro sistema solar e habitado por um povo intelectualmente muito elevado. Porém o visado no seqüestro fora, realmente, um grande cientista a quem os yargonianos pretendiam transmitir informações vitais para a sobrevivência da Terra, e ao verificarem o engano acharam que seria perigoso devolver a jovem ao seu planeta pelos conhecimentos que ela agora possuía de Yargo.
Contudo, um de seus líderes (Yargo) correspondia ao amor que florescera no coração da jovem...
Em torno desses elementos, Jacqueline Susann armou um enredo fascinante no qual se entremeiam o fantástico de viagens interplanetárias em discos voadores e uma história de amor extraordinariamente terna, que colocam este livro, Yargo - Uma História de Amor, ao nível dos seus excepcionais romances.
COMENTÁRIOS:
Eu li Yargo quando tinha cerca de 15/16 anos e desde então ele está na lista dos meus favoritos. Foi uma grata surpresa o que encontrei em suas páginas. Lembro o quanto torci por Janet, o quanto me envolvi em sua história, o quanto ri de seu senso de humor e como amei o yargo com ela; o quanto torci para acontecer um milagre e ele vir a amá-la. Yargo é um livro doce, de ficção e romance, aventuras e surpresas, quase como um filme dos anos 50 (posso bem imaginar o visual kitsch, colorido e cheio de prateados e as mulheres de olhos desenhados a kajal e cabelos armados, penteados para trás e claro, o belo Yul Brynner, que a autora usou como modelo para o Yargo).
A história de Yargo é relativamente simples. Janet Cooper é uma jovem que estudou o suficiente para ter um emprego simples até encontrar um bom pretendente, casar e ter filhos. Apesar de estar noiva Janet não está feliz e, em um momento de nostalgia, ela tenta recriar a magia do passado a fim de sentir um pouco daquela alegria. Para tanto ela vai a praia onde passara momentos alegres na infância e, logo percebe que o passado está morto, mas... pasmem, ela é abduzida.
Seu rapto é um erro. Os aliens pretendiam pegar Albert Einstein a fim de explicar (a um dos maiores cientistas da terra) que os teste nucleares estavam causando uma atividade negativa em nosso sol e que esta atividade estava acelerando o processo de transformação do sol em uma supernova, o que levaria ao fim de nosso sistema solar. Logo o grupo percebe que cometeu um erro e chega a conclusão de que a moça não pode ser devolvida.
Sendo assim, lá vai Janet com eles para o planeta Yargo, que fica em outra galaxia, é povoada de pessoas fisicamente perfeitas, governada por um líder chamado igualmente de Yargo e que podem ser facilmente comparadas aos Vulcanos (Star Trek), já que mantém os sentimentos tão sob controle que nem sabem mais que os tem.
A pobre moça, depois de uns dias confinada a seus aposentos provisórios em Yargo, fica sabendo que não a querem no planeta por ser muito atrasada e que os yargonianos estavam negociando para mandá-la a Marte, já que não confiavam que ela não contaria ao povo da Terra sobre Yargo, além de terem certeza de que ela não seria capaz de comunicar ao povo da Terra a mensagem deles como deveria ter sido se conseguissem Einstein.
A esta altura eu estava muito indignada com os yargonianos. O erro fora deles, mas eles não queriam a coitada em seu planeta, criando então dois planos: se Marte a aceitasse ela viveria no planeta em uma instalação subterrânea (sendo que os marcianos eram algo parecido com lagartos... lagartos muito inteligentes); se Marte não aceitasse ela viveria isolada em uma nave, orbitando em algum lugar seguro (mas com tudo que fosse necessário para uma vida de estudo).
Depois de muita negociação os marcianos aceitam Janet e, na viagem de ida a Marte, a nave em que estão é forçada a pousar em Vênus, planeta que os yargonianos julgavam desabitado. Logo o grupo é capturado pelos venusianos, que são criaturas meio humanas e meio abelhas (realmente assustadoras). Os homens são executados e Janet, junto com Sanau (sua tradutora e com quem ela insistia em tentar fazer amizade) são feitas prisioneiras. A partir daí a trama se aprofunda e vem a maior parte da história, a mais tensa e cheia de surpresas (nem todas agradáveis).
TRECHO:
Sanau
tinha razão. Ele era
supremo!
Cada
yargoniano presente, embora magnífico, parecia insignificante
em comparação com aquele soberano. Era como se eu estivesse vendo
um leão no meio de uns filhotes magricelas.
A
princípio, pensei que fosse o seu porte que o fazia tão diferente.
Ele se movia como uma pantera, com o porte régio de um leão. Sim,
era isso! Os movimentos dele eram tão majestosos, tão graciosos,
tão irreais, que ele parecia.
uma
pantera. . .
um
leão. .
. um
verdadeiro rei. Vestia-se de modo idêntico aos demais, e no entanto
seu corpo era perturbadoramente diferente; não na estatura, mas
na coordenação muscular. Era quase como se eu pudesse ver o
jogo dos seus músculos, num ritmo perfeito. Ele me fazia lembrar uma
estátua de bronze de um deus, que o artista só consegue enxergar
com os olhos da imaginação.
Caminhava
devagar, sem aparentar perceber o fascínio que exercia sobre os que
o cercavam. Atingiu o tablado e ergueu a mão num cumprimento. Seu
povo ergueu-se como um só homem, e ficou em posição de sentido por
um momento, fitando-o com franca adoração e admiração.
Havia
adoração no olhar deles, como se fossem um grupo de padres
que, de repente, tivessem uma visão do seu santo mais sagrado.
Enquanto admirava tal espetáculo, percebi que essa adoração
completa era da escolha do próprio povo. Nada havia nas atitudes
dele que demonstrasse que a exigia. Ele não era nem pomposo nem
autocrático. Sua atitude para com os súditos era de calma
dignidade e interesse genuino.
Eu
estava lutando pelo meu próprio equilíbrio, e, quando ele me
lançou um olhar, fiquei tão perturbada que não consegui encará-lo.
Não consegui nem mesmo corresponder ao cálido sorriso que me
ofertou. Já ia dizer qualquer coisa para
disfarçar o nervosismo quando, felizmente, me lembrei de que não
podia falar até que ele desse início à conversa. Essa lembrança
repentina provavelmente poupou-nos aos dois um bocado de embaraço,
pois sabe-se lá que tolice escaparia dos meus lábios.
Fiquei
de olhos grudados no chão. Queria olhar para ele. Sentia-me atraída
para ele com uma força quase hipnótica, e no entanto não
pocl~i fitá-lo nos olhos. Os olhos dele! Sim, era isso. Os olhos
dele!
Não
eram como os dos outros. Tinham a forma oblíqua, sim, mas eram
de um azul brilhante de água-marinha. Um azul tão impressionante,
que fazia com que eles parecessem duas enormes pedras engastadas
na sua pele cor de bronze. Talvez possuísse um poder hipnótico.
Afinal, bastou um olhar para que eu perdesse todo o meu senso de
equilíbrio.
Ele
fez sinal para que eu me sentasse. Consegui fazê-lo com meu encanto
e graça costumeiros, o que simplesmente derrubou com estrondo um
copo cheio de água.
Mas
ele nem sequer piscou aqueles olhos arrasadores. Lançou-me outro
sorriso letal e falou:
— Permita-me
que lhe deseje as boas-vindas, embora com atraso, ao planeta Yargo.
Respondi
“obrigada”. Uma resposta não muito notável, mas pelo menos eu
conseguira falar.
Mais
uma vez ele sorriu, e mais uma vez eu desviei o olhar. Levaria tempo
para criar resistência àqueles olhos.
Virou-se
para o Líder Corla, o que me deu uma breve trégua parà organizar
meus pensamentos desintegrados. Sentia nojo de mim mesma. Ele me
dera as boas-vindas. Falara primeiro, e eu agira com menos firmeza do
que jamais demonstrara. Eu era mesmo um orgulho para a minha
raça! Ele me dera as boas-vindas e eu resmungara “obrigada”.
Obrigada! Obrigada por quê???? Por arrancar-me da Terra, por
humilhar-me, e agora despachar-me para junto de uma raça com aspecto
subumano. Ah, mas por que eu não tivera coragem para dizer: “Não
quero que me dê boas-vindas, basta que me mande para o lugar onde me
encontrou”?
Mas
não tivera. Dava respostas brilhantes quando estava sozinha,
mas era sempre apagada, insegura e conformada quando diante de uma
situação real. Até mesmo num outro planeta eu era a mesma — a
Janet Cooper simples e comum.
Mas
eu mudaria. Nos meus sonhos sou a mais corajosa das heroínas. Na
minha imaginação, todas essas coisas estão
dentro
de mim, e naquela noite elas viriam à tona. Eu poderia ir para
Marte, mas pelo menos iria com um pouco de respeito próprio.
Bastava
que, da próxima vez que ele falasse comigo, eu lhe evitasse os
olhos. . . só isso. Mas é que a voz dele também era
perturbadora.
Puseram
o primeiro prato à minha frente. Tentei forçá-lo goela
abaixo. Precisava comer para provar que não estava tão apatetada
pela presença dele quanto parecia. Com esta idéia em mente,
consegui engolir alguma coisa.
Foi
durante o segundo prato, quando eu já desanimara de que voltasse a
dirigir-se a mim, que ele falou. Antes mesmo de erguer os olhos, eu
já sabia que ia falar. Senti fisicamente o olhar dele.
— Saiba
que estou muito condoído com a situação em que a colocamos —
falou. — Tenho perfeita ciência de seus sentimentos.
A
Janet Cooper real, mas oculta, gritou silenciosamente: “Então
me mande para casa!”
Mas
aquele bolo de carne que estava ali presente deu um risinho idiota,
ficou encantada com a perfeição do inglês dele e pensou: “Mas
que dentes maravilhosos ele tem!”
Esta é a capa do volume que li pela primeira vez.
Acho linda!
Esta é a sobrecapa do meu volume atual.
Esta capa é mais interessante por ter o rosto de Yul Brynner
ao fundo do que pela beleza.
Feia! Realmente feia!
Esta capa é a mais comum e tem uma carinha terrível de anos 80.
O charmoso e talentoso Yul Brynner,
que serviu de inspiração para o Yargo.
3 comentários:
Esse também foi um dos primeiros livros que li. Lembro que era da minha mãe. Puxa inesquecível, adorei na época
Olá, pode repostar ou mandar por e-mail?
jessecarvalhoo@gmail.com
de já fico grato
Li este livro quando tinha uns 15 anos (hoje, tenho 50). Me impressionou muito na época. Gostaria de ler de novo.
Postar um comentário