Cassandra Rios.
BIOGRAFIA:
Nascida em 1932 com o nome de Odete Rios, Cassandra foi uma das autoras mais vendidas dos anos 60 e 70, e também das mais perseguidas pela censura, que não tolerava o forte conteúdo erótico de sua obra, considerada pornográfica pelos setores mais conservadores da cultura. Em seus livros, Rios falava com liberdade e muita sensualidade sobre assuntos mais que polêmicos para a época, como a homossexualidade feminina, as relações entre sexo, religião, política e cultos umbandistas, entre outras coisas.
DE TUDO UM POUCO:
Acabei de reler O Bruxo Espanhol. A primeira vez que o li eu tinha uns 12 anos e fiquei com uma forte impressão sobre ele. Meio que o encontrei na estante (naquela época cheia de livros dos meus pais e com quase nada de meu) e, apesar da capa horrível, resolvi lê-lo.
Lá fui eu, meio com o pé atrás, lendo só porque gostava de ler e meio por curiosidade, uma vez que ele não tinha sinopse na capa nem contra-capa. Foi uma grata surpresa.
A história começa com nosso protagonista, o jovem Gúpi, que havia recebido uma herança de sua falecida e desconhecida mãe e que aplicara o dinheiro herdado construindo um povoado nas terras herdadas.
Gúpi havia sido criado numa vila mais como servente do que qualquer outra coisa, para depois descobrir que por todos aqueles anos sua mãe havia enviado dinheiro para ele ser educado e criado como um fidalgo. O rapaz desejava criar uma cidade com o nome da mãe que não conhecera e, apesar dos imprevistos e dificuldades, estava conseguindo realizar seus planos.
Logo no inicio do livro ele é abordado por um desconhecido (um pastor) próximo a um túmulo erguido no meio da mata e sem nome. O desconhecido desejava comprar as terras onde o túmulo se encontrava. Isto deixa Gúpi curioso e também o fato do desconhecido desaparecer na mata como se houvesse se tornado invisível.
Seguindo o desconhecido Gúpi encontra um castelo abandonado e nele, uma moça linda, nua e com pupilas verticais. A esta altura eu estava cheia de curiosidade. Como assim olhos com pupilas verticais????
A moça, cujo comportamento é semelhante ao de um felino, se entrega a ele e os dois tem uma tórrida cena de sexo. Confesso que fiquei surpresa, especialmente porque não havia romantismo na cena; era um sexo selvagem e animal, bem violento. Em seguida a moça desaparece.
Com o passar dos dias Gúpi fica obcecado tanto com a moça quanto com o Pastor e com o castelo. As dificuldades na construção da cidade aumentam, especialmente quando amuletos de má sorte são encontrados nas portas e janelas das casas dos moradores. Como Gúpi não permitira a construção de uma igreja no povoado, as pessoas começam a se revoltar e acham que a cidade está ameaçada pelo demônio. Não vou entrar em muitos detalhes para não revelar toda a história, que prende a atenção do inicio ao fim, mas, Gúpi torna a encontrar a moça, chamada Sâni e descobre um diário no castelo que pertenceu ao Bruxo espanhol, médico e cientista que sonhava em tornar o ser humano melhor através do cruzamento dos genes entre humanos e animais.
É meio chocante quando, junto com Gúpi, lemos o que o tal Bruxo havia feito no passado, usando mulheres que se apaixonavam por ele, hormônios animais e animais... ele até mesmo tirava fotos de seus "experimentos". Para uma garota de 12 anos isso foi pra lá de marcante. Bestialismo, assassinatos, segredos quase mortos com o tempo e criaturas que sobreviveram como provas; Sâni é uma delas, com seus olhos de pupilas verticais. Para terror de Gúpi, aparentemente, além da criatura metade homem, metade animal presa numa das torres do castelo, seu melhor companheiro e figura paterna, Sanches, o Pastor e ele mesmo tem muito a ver com o passado daquele castelo e do Bruxo Espanhol.
É curioso que quando eu tinha uns 8 anos o pai me contou, certo dia, no carro, enquanto esperávamos a hora para eu entrar no colégio, numa manhã gelada de inverno em Santa Maria, a história da loira princesa Sâni, que morava em um castelo abandonado, hehehehe. Meu pai costumava me contar histórias com frequência quando eu era criança :-D
Bem, eu amei o livro quando o li pela primeira e pela segunda vez. Quando o reli semana passada eu continuei achando a história ótima, apesar de finalmente perceber o quão arrogante Gúpi era... interessante que, quando eu era pré-adolescente, depois adolescente e depois no inicio da vida adulta, não tenha percebido a arrogância do protagonista e só agora, realmente adulta, isso tenha saltado aos meus olhos.
Recomendo para quem conseguir encontrar uma edição. Vale a pena.
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6 comentários:
Parabéns pela sinopse muito interessante e que nos dá um norte sobre esse polêmico livro de Cassandra Rios - O Bruxo Espanhol.
Vou procurar adquirir essa obra, o bruxo espanhol, É bastante famosa, tanto a autora quanto o título.
Seja bem vindo, Geraldo :-)
Eu amo muito O Bruxo espanhol. Ele me causou uma forte impressão quando o li. Procure mesmo e leia e depois me diga o que você achou.
Bj, Aris.
Eu senti o mesmo que você, também li quando tinha uns 12 anos e nu cá esqueci. O livro era da biblioteca pública da cidade onde morava na infância, Viamão - RS
Meu nome é Sâni. Por conta do livro. Quero lê-lo. Meu pai o leu na juventude e decidiu que a filha teria esse nome. No primeiro casamento o impediram, a filha não conseguiu rsrs Minha mãe, segunda esposa, eu segunda filha, ganhei o nome. Muito boa sua sinopse, instigou maior curiosidade.
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