A série certa, na hora certa.
Isto vale tanto para a história apresentada, como para seus dois protagonistas, Jim Cazievel (que vinha sendo rejeitado em todos os papéis após fazer Jesus, no filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson) e Michael Emerson (o odiado Benjamin Linus, que foi um dos poucos a conseguir fazer sucesso após Lost). Já a história, tem tudo a ver com os dias atuais com agentes da CIA anunciando ao mundo que os EUA espionam basicamente todo mundo no mundo, o tempo todo; e esta é a premissa da série: você está sendo vigiado.
O vigilante, neste caso, não são equipes da agência nacional de segurança americana (NSA), mas uma máquina secreta, construída por Harold Finch, o personagem de Michael Emerson que é um gênio da informática e aparentemente um bilionário que oculta sua identidade, após o 11 de setembro, com o objetivo de, interpretando os dados obtidos diariamente, detectar ameaças terroristas. Finch no entanto não trabalha mais para o governo, e começa a usar uma porta dos fundos no sistema, para tentar impedir não apenas grandes criminosos, mas proteger o cidadão comum, que a máquina detecta, está envolvido em alguma atividade que o levará a ser vítima ou autor de um crime de assassinato. Para isto, a máquina envia para Harold um número do seguro social (traduzido como CPF por aqui) da pessoa, mas sem nenhuma descrição se ele é vítima ou criminoso e qual a razão, e está aí o que preenche os episódios, investigar a pessoa e descobrir o que está acontecendo.
Mas Harold não é um combatente, inclusive tem problemas na cervical e não consegue sequer virar a cabeça ou andar sem mancar, por isso precisa de ajuda. Aliás, a série usa flashbacks, estilo Lost, para explicar o passado dos personagens, já que ambos evitam falar um para o outro sobre suas vidas, o que faz sentido em uma série sobre espionagem, paranoia e privacidade. E ele encontra a ajuda de alguém que não existe mais, um ex-agente da CIA dado como morto, John Reese, que por alguma razão está no fundo do poço e vive como mendigo pelas ruas. Finch o resgata e propõe uma sociedade, explicando a ele as regras do jogo, ou da máquina, e este aceita, tornando-se uma espécie de soldado ou cão de guarda, logo chamando a atenção da polícia que não o consegue identificar, chamando-o pela alcunha de "the man with the suit", ou em português, "o homem de terno". Semelhança com um certo agente britânico que responde pelo codinome 007? Sim, você verá muitos momentos de ação, homens em ternos bem alinhados, uma dose de humor (por sinal o jeito que o Jim Cazievel faz piadas lembra muito o eterno James Bond, Sean Connery) algumas mulheres sensuais, mas a história está mais para os filmes atuais de 007, menos canalhice e mais enredo.
Por falar em mulheres, esta é uma série para as que estão cansadas daquele modelo "dama-em-apuros" ou Penelope Charmosa e seu "socorrinho!". As mulheres neste seriado são fortes, decididas e tem personalidade. Tipo uma pessoa de verdade e não uma adolescente crepuscular, sabe? É bom ver personagens femininas que não sejam puro drama "tem três caras que querem me comer mas eu quero o mais sofrido porque eu sou sofrida e blá blá blá" (já citei Crepúsculo?) ou que o modo de mostrar personalidade seja ser uma devoradora de homens que no fim é uma insegura que só quer casar: Sex and the City). O tipo de decisão que me refiro aqui não é este tomar decisões egoístas ou quero sofrer ou quero ser amada, é realmente, na hora do aperto dizer "eu vou fazer as coisas deste jeito que é o melhor para todo mundo". E esta série traz isto aos montes, os personagens podem errar, mas eles tem uma convicção e a seguem e não tem medo de tomar decisões mesmo que isto lhes custe a vida.
As heroínas
Com personalidades fortes assim, você acaba aos poucos deixando de lado o enredo de espionagem e concentra-se nas pessoas e inter relações, o que é um deleite quando se tem na tela atores do calibre que Person conseguiu reunir. É uma série que talvez comece devagar e um tanto repetitiva, mas que soube evoluir com um timing ótimo e tem ótimos finais de temporada, ao melhor estilo arrancar os cabelos.
Para completar temos o Bear.
Nota: 9.8 (só não leva 10 porque uma das personagens femininas a atriz foi substituída e a atual é muito inferior).