O Unicórnio



The Unicorn.


Iris Murdoch.




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A história começa com a chegada de Marian Taylor, moça de 29 anos, a uma solitária estação, onde ela é recebida por Gerald Scottow, o homem que havia colocado o anúncio solicitando uma governanta e ao qual ela respondera. A moça logo descobre que não havia sido contratada para cuidar de uma ou mais crianças, mas sim para ser acompanhante de uma Sra Hanna Crean-Smith, uma mulher um pouco mais velha que ela mesma.
Logo após sua chegada Marian percebe que os habitantes do castelo de gaze são estranhos e guardam muitos segredos.  O lugar é distante de tudo, extremamente solitário, repleto de armadilhas naturais. A casa é antiga, escura e silenciosa. A moça vai sendo apresentada as pessoas que moram naquele lugar, mas não consegue colocá-los em papeis definitivos, como Gerald Scottow, que comanda a casa mas não parece ser seu dono.
Durante um passeio pelas terras Marian conhece a filha do dono da casa vizinha a Gaze, Alice, que está fazendo companhia ao pai. Ficamos sabendo que ela aguarda pela chegada de seu irmão e de um amigo, que costuma hospedar-se com eles todos os anos naquela época. Há também Denis Norton, uma espécie de jardineiro e faz tudo da Sra Crean-Smith, Violet Evercreech (a governanta) e seu irmão de 17 anos Jamesie (o motorista).
É Denis quem conta a Marion o que aconteceu de tão terrível em Gaze sete anos atrás. O marido de Hanna, Peter, havia caído das falésias, mas parece que na verdade ele fora empurrado pela esposa. Acontece que o homem sobrevivera a queda e partira para Nova Iorque, jamais retornando a Gaze. Bem, Hanna, antes de empurrar o marido, estava tendo um caso com o filho do vizinho (irmão de Alice) Pip Lejour. Como castigo, Peter enviara George, seu amante (sim, Peter era homossexual) para manter a esposa cativa no castelo.
Hanna Crean-Smith é uma prisioneira no lugar  enquanto os outros moradores (Marian sendo incluída nesta classe) são seus carcereiros, empregados por um marido que a odeia e que vive distante da esposa e do castelo há anos, mas que mantém seus olhos sobre ela través de Gerald.
Revoltada com a situação da mulher, que é uma espécie de personagem trágica e sedutora, Marian decide ajudá-la a fugir, mas Hanna aceitou seu cativeiro como uma espécie de teste espiritual e sair dele significaria abrir mão do perdão de Deus pelos pecados que cometera. Para complicar a situação, com seu comportamento Hanna se tornara uma espécie de santa para as pessoas de seu convívio; até mesmo Marian cai nesta espécie de feitiço.
A única pessoa que pode visitar Hanna em Gaze é Effingham Cooper, amigo do pai de Alice e Pip, pois é considerado inofensivo, apesar de estar apaixonado pela mulher (de certa forma todos estão apaixonados por ela). Sinceramente, Effie é um imbecil egocêntrico, que muda a paixão de uma para outra o tempo todo. Num momento ele está apaixonado por Hanna, mas não faz nada para ajudá-la porque gosta da ideia dela estar presa a Gaze como uma princesa em uma torre. Depois está apaixonado por Alice (que sempre o amara), mas em seguida não está mais. Ele é fraco e tolo e podemos perceber bem isso ao tomarmos ciência de seus pensamentos, uma vez que o livro mostra os pensamentos de vários dos personagens, além dos de Marian.
Ao ler este livro eu vacilei entre a satisfação e a frustração. os personagens são fascinantes e complexos e a história é convincente em todos os momentos, mas certa conformidade de pensamento em alguns deles me irritava. Confesso que fiquei surpresa com a quantidade de situações sombrias: Uma esposa encarcerada porque traíra o marido que não amava com o filho do vizinho e tentara matá-lo; Um marido vingativo que deixara seu amante cuidando da esposa; O carcereiro que idolatrava sua prisoneira e que tinha um caso com uma garoto de 17 anos, sendo este garoto uma espécie de elfo maldoso e falsamente angelical que se apaixona por Marian, que começa a ter um caso com Dennis, que idolatra Hanna como todos os demais.
A atmosfera opressiva é muito bem descrita e explorada e ela acaba por tomar conta de você, como se você fosse uma daquelas pessoas, presa naquela teia de aranha, de certa forma comandada por Hanna na sua aceitação pelo castigo que lhe fora imposto. Enquanto a dama aceita seu destino, todos os demais estão felizes em continuar como estão, pois se o equilíbrio for quebrado, sabem que vão destruir uns aos outros. Acontece que eles estão estagnados e não estão realmente vivendo.
Eu não conseguia ver uma solução feliz para toda a história e ela realmente não acontece. Quando todos na casa são avisados de que Peter Crean-Smith está voltando para casa após sete anos, chegamos ao clímax. Fiquei de olhos vidrados, lendo cada página. Este foi o único livro que li de Iris Murdoch, mas jamais esqueci dele. O reli alguns dias atrás, para fazer a resenha e para relembrar os momentos que passara ao ler pela primeira vez. Vale a pena. É uma espécie de leitura gótica, mas de um gótico nada a ver com os livrinhos de bolso. Recomendo.


OBS: A vida da autora virou filme, com Kate Winslet fazendo seu papel na fase Jovem e Judi Dench na fase mais velha. O filme se chama Iris. 


PEQUENA BIOGRAFIA: Escritora e filósofa, Iris Murdoch (1919-1999) era uma referência na Inglaterra. Professora na Universidade de Oxford, na década de 50, ficou conhecida por sua militância de esquerda e o espírito libertário. Casou-se com John Bailey, também escritor e professor de literatura inglesa, com quem viveu quase 50 anos. Morreu em conseqüência de complicações decorrentes do mal de Alzheimer.


Este é o meu exemplar. Eu peguei o livro exatamente por conta desta capa. Acho linda a moça com o vestido e o cabelo agitados pelo vento, embora não entenda por que o homem espia por detrás da árvore como um vilão de filme mudo :-)

Não me diz muito. parece mais capa de conto de fadas.

Bela capa. Acho que combina bastante com a sensação de agonia da história.

Também não me diz muito em relação a história, especialmente porque não há um Unicórnio no livro.

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